“O medo do fracasso pode ser basicamente um medo de se encontrar, de satisfazer o seu verdadeiro desejo”-

CHARLES PÉPIN
Filósofo

Acho que perdi a conta das vezes que repeti frases semelhantes. “Amanhã juro que acabo” ou “Amanhã vou conseguir algo melhor” e, no final, é um ciclo interminável de procrastinação.

Este fenómeno pode ter várias razões, talvez preguiça ou desinteresse, mas, pessoalmente, atribuiria-o ao medo. Pode parecer estranho numa primeira análise. Como culpar este sentimento por não ter vontade de fazer algo?

Recentemente, percebi que tenho adiado tudo o que preciso fazer até ao limite. E a parte mais estranha é que dedico um tempo todos os dias para essas tarefas, porém todo o processo acaba por ser descartado. Por quê? Bom, concluí que o faço porque tenho medo. Medo de não estar bom o suficiente, medo de fazer algo medíocre… simplesmente porque decidi que assim era.

Acho que a tendência do ser humano é ficar no conforto. Se sabemos que algo dará certo, mesmo que seja igual a tudo o resto, preferimos ficar estagnados na segurança. Parecemos dar mais importância ao receio do fracasso do que às oportunidades que surgem das novas tentativas. 

Este medo é essencialmente criado por nós, pelas nossas expectativas, mas também nas expectativas que acreditamos que os outros têm em nós. A ideia de fracassar é como um tornado que chega para destabilizar tudo o que temos como certo até ao momento. Mas quem atribuí este peso a esse erro somos nós. Sim, é um pouco cliché, mas a verdade é que fracassos são essenciais. Em que momento falhar tornou-se mais assustador do que viver o mesmo dia, com as mesmas tarefas e rotinas, por 365 dias consecutivos?

Tudo isto não passam de pensamentos colocados em texto, mas que de alguma forma podem chegar a alguém que se sinta desta forma. E bom, mesmo que seja um fracasso, foi uma tentativa. Levarei isto como uma experiência.