Beatriz Aljarilla: do calor espanhol ao frio transmontano
“Campus Global” é o nome da rubrica que reúne um conjunto de trabalhos realizados por alunos do 3º ano de Ciências da Comunicação, na cadeira de Webjornalismo, com entrevistas a alunos estrangeiros que se encontram a estudar na UTAD no âmbito do programa ERASMUS.
De Almería a Vila Real são 9 horas de distância, ou lá como os Xutos e Pontapés cantam. É essa a distância de carro entre a verdadeira casa de Beatriz e a casa “adotiva” para este semestre, a cidade transmontana que dá nome ao distrito.
Envolvida no projeto Erasmus da sua universidade, a Universidade de Almería, a jovem andaluz de 21 anos mudou-se para Vila Real que, ao início, nem era uma das hipóteses preferidas, mas um conselho familiar fê-la mudar de opinião e aceitar melhor este destino. “O meu irmão fez cá Erasmus há quatro ou cinco anos e disse-me que ia gostar”, conta a jovem.
O que verdadeiramente a traz aqui é o gosto pela agronomia, mais concretamente pela Engenharia Agronómica, área na qual se está a licenciar. Segundo Beatriz, na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) os professores “criam mais ligações” com os seus alunos, tendo ajudando-a muito na integração. Mas as diferenças não se ficam por aqui. “Aqui em Portugal dão menos valor ao curso, mas durante o ano temos muitas mais atividades práticas”, acrescenta a estudante que apesar de ainda estar no segundo ano do curso, já pensa no futuro, ao qual pretende acrescentar uma especialização em genética.
“Consegui-me adaptar muito bem à cidade e gosto muito do que ela oferece”
Sobre Vila Real, muitos elogios. A fácil adaptação deveu-se muito aquilo que é a capacidade acolhedora da cidade, que apesar de ser “quase o oposto” da sua terra natal, fez Beatriz sentir-se em casa. A nível gastronómico, Trás-os-Montes também a encantou, sublinhando o Restaurante Transmontano e a Forneria como alguns dos seus locais preferidos na cidade.
Mas nem tudo é um mar de rosas. Longe da família e a viver uma nova vida, diz sentir-se em algumas ocasiões “sobrecarregada” com toda esta dinâmica do dia-a-dia, que é uma novidade. “A maior dificuldade é mesmo estar longe da minha família e dos meus amigos”, confessa a jovem, revelando que a despedida destes foi o momento mais marcante desta aventura.
Os cerca de mil quilómetros que distanciam Vila Real e Almeria também se fazem sentir nas diferenças culturais entre as duas regiões. Os horários das refeições, a comida e o clima são os pontos que mais diferem, segundo Beatriz. Vinda do calor do Sul de Espanha, ainda não se adaptou ao frio transmontano, sendo que “não estava preparada para uma mudança tão radical”.
A linha é ténue entre o castelhano e o português, porém, a futura engenheira agrícola não achou assim tão fácil “A diferença não é muita, mas muitas vezes as pessoas não me compreendem”. Todavia, admite também o esforço dos docentes para fazer com que a língua “não seja um entrave” para a aprendizagem das matérias lecionadas.
Francisco Silva, Ana Carolina Fernandes e André Gonçalves