“Campus Global” é o nome da rubrica que reúne um conjunto de trabalhos realizados por alunos do 3º ano de Ciências da Comunicação, na cadeira de Webjornalismo, com entrevistas a alunos estrangeiros que se encontram a estudar na UTAD no âmbito do programa ERASMUS.

Vinda diretamente do Rio de Janeiro, Brasil, Ana Lúcia tem 31 anos e está atualmente em Erasmus a complementar o seu mestrado em Engenharia Florestal, na Universidade Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD).

A oportunidade surgiu quando a Universidade Federal do Rio de Janeiro, que a mesma frequentava, abriu vagas para os alunos poderem concorrer com auxílio financeiro. Assim sendo, Ana concorreu e passou, sendo que a sua estadia em Vila Real acabou no dia 11 de fevereiro.

É a primeira vez que faz Erasmus, mas sempre teve o bichinho da aventura dentro de si. Quando surgiu a oportunidade, podia escolher entre vários países da América-latina ou da Europa, mas rapidamente escolheu a Europa pelos seus benefícios, e Portugal pela questão da língua e custo de vida.

Escolheu a UTAD por causa da sua área, uma vez que é composta por um Eco campus e um jardim botânico muito verde, o que lhe agradou bastante.

No que toca às unidades curriculares inicialmente achou que se assemelhavam ao que queria, mas como a mesma disse “algumas coisas não foram bem o que imaginava, achei que fosse aprender outras coisas, não está a ser bem como esperava, mas também faz parte.”.

Comparando com o Brasil, a carioca considera o país de origem mais exigente que Portugal, uma vez que a carga horária é mais puxada e os professores são menos flexíveis.

É sua primeira vez em Portugal e está a adorar. Já foi ao Porto, Braga e Lisboa, mas ainda quer muito ir a Aveiro. As vistas das montanhas, em Vila Real, é algo que adora, “Eu gosto de caminhar com calma, observar, passear, só que não tenho feito muito isso nos últimos dias”, contou.

A maior diferença que sente para além do clima oposto é a maneira como os portugueses falam. Segundo ela, no Brasil as pessoas são mais soltas, mas em Portugal são socialmente mais fechadas, sendo que inicialmente achava o povo português rude, mas rapidamente percebeu que é apenas a sua forma de falar.

Veio sozinha nesta jornada, e ao chegar conheceu um colega da mesma universidade da sua terra, por coincidência, que foi uma grande ajuda na sua adaptação. Entretanto já fez muitas amizades de várias nacionalidades. Para sua surpresa, a comunicação não foi uma dificuldade.

No que toca à saudade, explica que as experiências novas e os desafios que enfrenta compensam-na, uma vez que procura algo bom para o seu futuro. Ana gostaria muito de trabalhar no Brasil, uma vez que gosta muito de florestas tropicais, porém não negaria uma oportunidade fora.

Segundo a mesma, a sua mentalidade evoluiu bastante no decorrer da sua experiência de Erasmus. O facto de não ter por perto a sua família e amigos mais chegados, acabou por a fortalecer, “A vida não é fácil então sair um pouco da nossa zona de conforto, acaba por nos evoluir muito, mas será sempre uma ótima escolha”, disse. No seu caso, foi durante o período de Erasmus que, devido a experiências que tem vindo a ter, se especializou no ramo da área que realmente pretende seguir.

Por último, direcionado a quem quer viver uma experiência de Erasmus, aconselha a ter um bom planeamento e uma noção do que pretenderem seguir: “quando chega a hora de vir, dá o medo, então não o deixem vencer e a partir do momento que estiver fora, é só continuar, sair da zona de conforto, e pensar para nós mesmos ‘quando é que vamos ter outra oportunidade?’, é preciso arriscar e abraçar a experiência. Depois que vai, abraça”.

Laila Diaz e Leonor Bento