O Wasteless, financiado pela Comissão Europeia em 5,5 milhões de euros, reuniu na UTAD cerca de meia centena de investigadores europeus.

O desperdício alimentar na União Europeia é a base do projeto europeu que, nos próximos três anos, será coordenado pelo Centro de Investigação e Tecnologias Agroambientais e Biológicas (CITAB) da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD).

O Wasteless é liderado pela investigadora do CITAB, Ana Barros, junta um consórcio multidisciplinar composto por investigadores da Áustria, Bélgica, Dinamarca, Eslovénia, Espanha, Estónia, França, Grécia, Hungria, Itália, Portugal, Chéquia, Suíça e Turquia e pretende reduzir para cerca de metade o desperdício alimentar per capita, a nível do retalho e dos consumidores.

O CITAB apresentou uma candidatura a projetos europeus e, entre os 16 candidatos, o Wasteless saiu vencedor. “Os projetos europeus são cada vez mais difíceis e mais competitivos”, reconhece a investigadora e, por isso, é “extremamente gratificante estar a liderar um projeto que envolve 29 parceiros”.

Financiado pela Comissão Europeia em 5,5 milhões de euros, o projeto arrancou no início deste ano. Na UTAD estiveram a participar no primeiro kickoff meeting cerca de meia centena de investigadores europeus que, ao longo de dois dias, discutiram a melhor forma de se poder controlar as perdas alimentares no contexto europeu.

“Um tema distante, mas comum”, diz Ana Barros, sublinhando a importância de se reduzir para cerca de metade o desperdício alimentar.

Segundo dados do Parlamento Europeu, cada habitante desperdiça, em média, 179 quilos por ano, sendo que a sua proveniência tem várias origens, destacando-se o desperdício doméstico (40%) e aquele que provém da indústria agroalimentar (39%). O restante acontece na restauração (14%) e na distribuição (5%).

E por ser nas cozinhas das famílias que ocorre grande parte deste desperdício os investigadores do Wasteless utilizarão diferentes estudos de caso para avaliar o destino final de grupos de alimentos.

E, uma vez o desperdício existente, vão dar-lhe um valor acrescentado “para a indústria alimentar, mas que podem ser utilizados também para a indústria cosmética ou farmacêutica”, explicou a coordenadora.

O Wasteless vai criar ferramentas para toda a cadeia de valor alimentar com base nos pontos de recolha do projeto que vão estar presentes em todos os territórios da União Europeia”, concluiu a investigadora Ana Barros.