Um brinde ao Douro
15 anos como Património da Humanidade celebrados, este ano, em Vila Real
| por: Bruno Fernandes e Helena Margarida
O Alto Douro Vinhateiro (ADV) foi inscrito, na lista de Património Mundial da UNESCO, na categoria de “Paisagem Cultural Evolutiva E Viva”, a 14 de dezembro de 2001. Hoje, em Vila Real, assinalaram-se os 15 anos do dia histórico em que foi anunciada, em Helsínquia, a classificação da Região Vitivinicultura Demarcada mais antiga do mundo, como Património da Humanidade.
“Nestes 15 anos, o território soube renovar-se, evoluir e adaptar-se aos desafios “, referiu Francisco Lopes, presidente da Comissão Intermunicipal do Douro (CIM-Douro), durante a sua intervenção na sessão evocativa dos 15 anos da efeméride. O também presidente da câmara de Lamego referiu que as medidas da CIM-Douro “são restritivas” mas “não são limitadoras”, referindo-se a projetos que se realizem no ADV. “É preciso mais investimento, não só infraestruturas mas também na hotelaria, turismo, adegas e vinha.”, referiu.
O presidente da câmara de Vila Real, Rui Santos, por seu turno, disse que “o Douro se afirma, cada vez, num destino turístico por excelência”, deixando claro que, esta distinção “não pode ser elemento de vaidade”, mas sim “um elemento de responsabilidade”. O autarca foi bastante crítico em relação ao programa NORTE 2020: “Os fundo de coesão servem para aproximar […]. É inaceitável que, a 31 de outubro de 2016, a Área Metropolitana do Porto tenha visto aprovados 1098 projetos, num valor de 370 milhões de euros, enquanto que a CIM-Douro, […] viu serem aprovados, apenas, 68 projetos num valor inferior a 25 milhões de euros”.
Rui Santos falou também da necessidade de travar a despovoação da região: “Nestes quinze anos, vimos sair da região, dezenas de milhares dos seus filhos”, diz. O autarca considerou a necessidade de aplicação de “novas ferramentas que não a pá, a picareta e braços humanos, como no passado, para o desenvolvimento da região” e apontou o programa Portugal 2020 e a localização estratégica de grandes investimentos, como a fábrica da TESLA, como caminhos a percorrer.
Também presente o ministro do Planeamento e Infraestruturas, Pedro Marques, que referiu o Douro como “património único a quem devemos reservar mais do que um olhar contemplativo: é importante fortalecer instrumentos de desenvolvimento”. Em termos de acessibilidades, segundo Pedro Marques, o túnel do Marão assumiu-se como determinante para a proximidade da região e defendeu a navegabilidade do Douro, pelo seu fator turístico, reforçando a importância de novas rotas.
O grande anúncio feito esta manhã é a aposta no desenvolvimento das estruturas ferroviárias com a eletrificação da linha do Douro até à Régua. O ministro fez questão de reforçar que esta foi uma iniciativa “deste governo” no âmbito do programa Portugal 2020, sendo o concurso lançado já no próximo ano.
O reitor da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), Fontaínhas Fernandes, disse que, durante o seu mandato, a região será sempre uma das “bandeiras” da academia, estando “dispostos trilhar novos caminhos e novos desafios”, considerando a inovação e o conhecimento fatores determinantes, diz o reitor. Fontaínhas Fernandes refere que a academia, dentro de uma rede de instituições, “está disponível para um plano de coesão”, considerando que a UTAD “é um valor acrescentado no vinho e na paisagem”. O reitor defendeu ainda “uma nova carteira de atividades económicas para o Douro” com “inovação, novos conceitos e mais marcas”, assumindo também a necessidade de um “turismo ligado à gastronomia, mas assente numa narrativa cultural” em que a “chancela UNESCO” deverá ser sempre incluída de forma a valorizar a região.