Andreia Guedes: “É a trabalhar como cabeleireira que sou feliz”
Campeonato Nacional de Profissões
Andreia Cristina Cunha Guedes, 20 anos, residente em Vila Real e estudante de Cabeleireiro Unissexo, participou no Campeonato Nacional de Profissões, realizado em Coimbra de 22 a 27 de Maio. Divertida por natureza, esta jovem vive cada dia como se fosse o último, sempre a fazer aquilo de que mais gosta: cuidar de cabelo.
Daniela Costa (DC): Quando surgiu a vontade de ser cabeleireira?
Andreia Guedes (AG): Foi desde pequenina, a minha irmã já me cortava o cabelo. O primeiro corte que ela me fez foi aquele à tigela e depois para gozar comigo, como eu era gordinha, fazia-me aquele totó no alto a cabeça (risos). Era ridículo, mas eu até achava graça a todas aquelas brincadeiras.
DC: Houve alguém que a inspirasse nesse sentido?
AG: A minha maior inspiração sempre foi a minha irmã. Ela é mais velha que eu 11 anos e começou a trabalhar como cabeleireira quando tinha 18, por isso pude sempre acompanhar a evolução dela de perto e aprender com isso. Já é normal as meninas gostarem de assuntos relacionados com o cabelo e a beleza em geral, com uma cabeleireira em casa era difícil ficar indiferente.
DC: Perante isso a única solução era ingressar num curso de Cabeleireiro e não na universidade.
AG: É verdade, não podia ignorar o meu sonho apenas por convenções sociais, se fosse para a universidade ia acabar a fazer algo de não gosto e isso não seria bom nem para mim, nem para as pessoas que teriam que conviver comigo no dia-a-dia.
DC: Foi a escolhida para representar Vila Real e zona Norte no Campeonato Nacional de Profissões, na subcategoria de Cabeleireiro, qual foi a sua reação quando soube?
AG: Sinceramente já estava à espera, os elogios que recebia dos meus professores evidenciavam isso, mas é claro que naquele momento em que eles me disseram: “Andreia, vais ser tu!” fiquei muito entusiasmada. Vi assim valorizado todo o meu esforço, percebi que realmente vale a pena tentarmos ser os melhores em tudo aquilo que fazemos.
DC: A competitividade das provas foi sempre saudável?
AG: Sim, sempre trabalhamos por forma a não prejudicar o nosso trabalho, nem o dos outros concorrentes. Por norma, todos nós já levávamos os penteados e cortes que íamos fazer preparados de casa, então não existia aquela ideia de copiar o trabalho alheio, cada um de nós estava preocupado em fazer as suas próprias tarefas.
DC: Havia a possibilidade de competir na Grécia e depois no Dubai, caso ganhasse o Campeonato Nacional, foi uma motivação extra?
AG: O mais importante para mim sempre foi a possibilidade de ser reconhecida como a melhor cabeleireira a nível nacional. Mas sem dúvida que foi um estímulo especial, não é todos os dias que temos a possibilidade de visitar países como esses, com o acréscimo de estarmos lá a fazer aquilo de que mais gostamos.
DC: A competir com pessoas que já formadas, como foi para si que ainda não completou o curso? Sentiu que estava a ser prejudicada?
AG: Achei que estava a ser um pouco injustiçada, pois grande parte dos concorrentes eram profissionais, enquanto que eu ainda estava a meio do curso. As professoras tiveram que me ensinar em horas extra, por exemplo, a fazer o corte, que ainda não tinha aprendido nas aulas. Mas de qualquer das formas fiquei em quarto lugar, o que para uma competição a nível nacional não é nada mau.
DC: Pretende voltar a esta competição em 2018?
AG: Se me for possível sim, sem dúvida nenhuma. Entretanto já terão passado dois anos e já estarei mais preparada. O curso que estou a frequentar termina em Janeiro do próximo ano e posteriormente farei um estágio profissional, estágio esse que me trará mais experiência e me permitirá mostrar um melhor desempenho na próxima competição.
AC: Não considera então a hipótese de ingressar na universidade?
AG: Não penso fazê-lo, uma vez que o meu sonho é ser cabeleireira, com trabalhos a nível não só nacional, mas também mundial. Sempre quis ser valorizada a fazer aquilo que sempre idealizei.
DC: O sonho comanda a vida?
AG: Totalmente, a minha vida neste momento segue esta direção, porque é a trabalhar como cabeleireira que sou feliz. Podia estar a fazer qualquer outra coisa que me trouxesse mais dinheiro e notoriedade, mas é aqui que me sinto realizada e que quero continuar.