Construção da Barragem obriga ao corte de árvores em mais de quatro hectares.

O Governo autorizou o abate de mais de 600 sobreiros na área onde a empresa de energia Iberdrola vai construir a barragem de Gouvães, no rio Tâmega, noticia o jornal  “Público”.

A área de abate estende-se aos concelhos de Vila Pouca de Aguiar, Cabeceiras de Basto e Ribeira de Pena, sendo que as árvores, segundo a empresa em declarações ao mesmo jornal, vão ser cortadas “à medida das necessidades” que forem identificadas.

Num despacho conjunto do secretário de Estado das Florestas e do Desenvolvimento Rural, Amândio de Oliveira Torres, e do secretário de Estado da Energia, Jorge Seguro Sanches, o Governo dá autorização para que a empresa abata 289 sobreiros adultos e 319 sobreiros jovens, numa área de “4,67 hectares de povoamentos e de pequenos núcleos daquela espécie, localizados na área de implantação da barragem de Gouvães”, refere o jornal. Como medida de compensação, a empresa fará a reflorestação de 42,35 hectares “localizados nos Perímetros Florestais do Barroso e de Cabreira” já em 2017.

No entanto, Ana Brazão, coordenadora do projeto “Rios Livres”, refere ao Público que a plantação “não compensa” o impacto do abate de árvores, “algumas delas centenárias”. A responsável diz que “tardará muito” para que as novas tomem o lugar das antigas, tendo em conta que os exemplares são sumidouros de carbono, isto é, captam dióxido de carbono da atmosfera. Ana Brazão diz mesmo que, em Ribeira de Pena, já viu “vários sobreiros cortados”.

As barragens da Iberdrola no Tâmega foram as únicas que não foram travadas ou adiadas após a avaliação governamental do Programa Nacional de Barragens com Elevado Potencial Hidroelétrico . O Complexo Hidroelétrico do Alto Tâmega alberga a construção de três barragens (Gouvães, Alto Tâmega e Daivões), com investimento de 1.200 milhões de euros e produzirá, por ano, o equivalente a 4% da produção elétrica do país.