Chegou aos cinemas “Um Filme Minecraft”, a tão aguardada adaptação cinematográfica do jogo mais vendido de sempre. Com milhões de jogadores em todo o mundo, Minecraft marcou uma geração com a sua estética pixelizada, criatividade sem limites e espírito de construção. A grande questão era: como transformar um universo sem narrativa linear num filme que conquiste tanto os fãs como o público em geral?

Antes de iniciar a presente análise, considero pertinente apresentar o contexto, de modo a auxiliar quem não está tão familiarizado com o fenómeno Minecraft. Lançado em 2011 pela Mojang Studios, uma empresa sueca de desenvolvimento de videojogos, Minecraft tornou-se no jogo eletrónico mais vendido de sempre, com um impressionante registo de 300 milhões de cópias comercializadas e 170 milhões de jogadores ativos por mês em 2024. O Minecraft é reconhecido pela sua originalidade e pelo foco na criatividade dos utilizadores, oferecendo uma grande liberdade na forma como é possível jogar.

A produção é rica em detalhes que demonstram a fidelidade estética ao universo do jogo. Os elementos visuais são imediatamente reconhecíveis, desde os blocos de terra e pedra até aos mobs icónicos como os Creepers e os Endermen. A transposição para o cinema da essência visual do jogo, com um toque de humor que suaviza o impacto das limitações gráficas típicas do Minecraft, é um feito notável. A banda sonora e os efeitos sonoros seguem a mesma linha, reforçando a ligação emocional com os jogadores.

A parte visual é, sem dúvida, impressionante, mas o enredo revela-se um pouco conservador. A história gira em torno de um grupo de personagens improváveis que precisa salvar o seu mundo de uma ameaça iminente, uma fórmula já testada (e por vezes exausta) no cinema de animação.

Embora haja mensagens positivas sobre o trabalho em equipa e a criatividade, a construção narrativa poderia ser mais profunda, tanto em termos de desenvolvimento de personagens como de complexidade dramática.

A estrutura do filme oscila entre momentos mais rápidos e cenas mais lentas, o que pode suscitar alguma dificuldade em manter a atenção de parte do público, especialmente dos adultos que acompanham os mais novos. No entanto, o humor acessível e os guiões simplificados são bem-sucedidos em cativar as crianças, o público-alvo principal da produção.

“Um Filme Minecraft” é, em última análise, um filme competente no que se propõe: entreter as crianças e satisfazer minimamente os fãs do jogo. Embora não seja uma revolução no seu género, oferece uma experiência visualmente apelativa e de fácil consumo.