O regresso de Simone Biles transporta-nos para 17 de julho de 2024, data de lançamento do primeiro episódio que viria a constituir esta série, nos Estados Unidos da América.

Composto por uma temporada, quatro episódios cada uma, com uma duração aproximada de 45/50 minutos, o documentário tornou-se um verdadeiro eco da Saúde Mental, ao demonstrar, para além das cortinas, a história nua e crua de Simone Biles Owens.

Reconhecida pela sua agilidade, foco e determinação, a ginasta norte-americana nunca deixou que os seus 1,42 metros de altura determinasse o seu caminho. Atualmente, é considerada um ícone para muitos e uma autêntica inspiração para os mais novos, especialmente para as meninas, com características semelhantes às suas.

Mas não só. Simone Biles pode ser facilmente admirada pela sua coragem e resiliência perante todos os obstáculos que a vida lhe propôs. Entre a toxicodependência da mãe, o abuso sexual do ex-médico da equipa olímpica e o abandono dos Jogos Olímpicos, em Tóquio, em 2020, para preservar e cuidar da sua saúde mental, a atleta dá a voz aos problemas de muitos, mas a tantos que não têm a força para os assumir.

Por isso, ao longo de todo o documentário, o espectador é convidado a abrir as portas de sua casa e a descobrir desde os cantos mais sombrios aos mais alegres da sua caminhada.

Num relato sincero e transparente, as dificuldades são retratadas sem qualquer edição até o lugar onde se atinge o pódio.

A título particular (e um bocadinho suspeito, porque me fascina este universo artístico), considero esta série muito pertinente e necessária, assumindo-se transversal a todas as gerações, uma vez que nos ensina a olhar para o “invisível” e para as feridas que tantas vezes nos doem, mas que não se veem, porque não sangram.

Simone Biles, ao ser a ginasta mais condecorada da história do seu país, com marcos que, provavelmente, mais ninguém atingirá e ao ser protagonista de um tema tão atual, real e urgente ser abraçado, revela-se “uma de nós”, fator que contribui para uma maior admiração da sua pessoa.

Porque se torna cada vez mais essencial cuidarmos de nós e daquilo que a olhos vistos está ou não está.

E porque a quem tem um palco maior lhe deve corresponder esta responsabilidade.

Por tudo aquilo que foi referido e por tanto que fica por dizer, recomendo esta série para um despertar (mais) consciente de uma realidade que tantas vezes é nossa vizinha.