Raparigas Selvagens, de Rory Power, é um thriller distópico cheio de mistério e tensão, onde a natureza e a juventude se entrelaçam de maneira inquietante e perturbadora.

A história passa-se numa ilha isolada onde uma escola feminina, Raxter, se encontra em quarentena devido a uma doença misteriosa e letal chamada Tox. As alunas têm de lutar pela sobrevivência, enquanto tentam descobrir a origem da epidemia e lidar com as suas próprias mudanças físicas e emocionais. A ilha esconde horrores inimagináveis e monstros sedentos de sangue.

A narrativa é intensa e as personagens são complexas e bem desenvolvidas. A personagem principal, Hetty, revela uma força e determinação notáveis enquanto assume um papel de liderança na busca de respostas sobre a Tox. Byatt, a sua melhor amiga, enfrenta transformações perigosas com o seu corpo mutilado pela doença, enquanto Reese lida com a dor e a incerteza com uma resiliência inabalável. A dinâmica entre personagens é intensa e aborda temas como a amizade, traição, lealdade e a sobrevivência em circunstâncias extremas. A profundidade emocional da obra faz com que o leitor se conecte com as personagens, sentindo as suas angústias e medos.

Um dos pontos fortes do livro é a construção da atmosfera. A autora cria um ambiente brutal, opressivo e claustrofóbico, onde a natureza selvagem da ilha é refletida no comportamento, decisões e nas mutações físicas das raparigas. O uso de horror corporal acrescenta ainda uma camada de terror visceral à história, evocando uma sensação de repulsa e de empatia ao mesmo tempo.

No entanto, o ritmo do livro é por vezes inconsistente. Além disso, a origem da Tox e os detalhes científicos por trás da doença são deixados na sua maioria à imaginação do leitor. O final aberto deixa-nos com mais questões do que respostas, o que se pode tornar frustrante.

Em última análise, Raparigas Selvagens é uma leitura memorável, intensa e por vezes perturbadora, que explora as profundezas da resiliência humana.