Portugal em números: promessas e limites do novo orçamento
Todos os anos, o Orçamento do Estado, volta ao centro do debate público. É o momento em que se decide quanto o país vai gastar, em quê, e de onde virá o dinheiro. À primeira vista, parece apenas um documento cheio de números e termos complicados, mas na prática, o orçamento define muito daquilo que sentimos no nosso dia-a-dia: o valor dos salários, o preço das rendas, o acesso à saúde e até a qualidade das universidades.
O Orçamento do Estado para 2025 foi apresentado com um tom de otimismo: prevê um crescimento económico, uma redução da dívida pública e até um pequeno excedente nas contas. Para muitos, isso mostra que Portugal está finalmente a gerir melhor o dinheiro público e a garantir uma certa estabilidade financeira.
Mas há também quem veja o outro lado. Um orçamento equilibrado nem sempre significa um país equilibrado. Apesar dos bons números, continuam a existir problemas fundamentais: salários baixos, crise habitacional, serviços públicos sobrecarregados e jovens que não conseguem começar a sua vida, de forma independente. Alguns críticos dizem que o governo está mais preocupado em apresentar contas certas do que em resolver problemas reais que afetam as pessoas todos os dias.
Este Orçamento foi aprovado com a abstenção do PS junto com PAN e JPP, um gesto que evita o confronto direto mas que também demonstra alguma falta de convicção. O partido socialista justificou a decisão com a ideia de não querer bloquear o funcionamento do país, embora tenha criticado as medidas apresentadas. Já Luís Montenegro, primeiro-ministro, defendeu que este orçamento representa “um passo em frente na recuperação económica” e que o governo está focado em garantir “mais rendimento e estabilidade” para as famílias. Em contrapartida Chega, IL, Livre, BE e PCP foram contra esta proposta orçamental.
Pondo isto, o Orçamento de Estado acaba por ser um reflexo das tensões e dos equilíbrios da própria política portuguesa, entre o rigor e a necessidade de investir nas pessoas, entre o consenso e a oposição.

