Avisem-me quando for fácil ser mulher, no verdadeiro sentido da palavra.

Até lá, prefiro juntar-me a todas para firmes continuarmos na luta.

Em tom de ditado, costuma dizer-se que “por trás de um grande homem há sempre uma grande mulher”, mas porque será que uma parte deles nos vê com olhos de tanto ódio?

Não é, já, tempo suficiente para vivermos numa sociedade que reflita melhores valores?

Ou ninguém me avisou que a capacidade de evolução do ser humano ficou congelada, no passado?

Se me tentar colocar no lugar da mulher, na altura dos meus avós e até dos meus pais, diria, certamente, que seria pior do que aquilo que o é, nos dias que correm. Porque afinal de contas, nunca será fácil encarar este papel tão preponderante e tão especial.

Mas, apesar de algum progresso notório e expressivo, existe sempre uma grande fatia do bolo com um retrocesso constante.

Reflexo disso são as últimas horas. Considero pouco provável que nenhuma de nós tenha refletido nos discursos de ódio gratuitos, que andam a circular na tela de todos.

Porque não há um minuto de paz no que diz respeito a este tema.

Ideologias misóginas, machistas, acompanhadas por um complexo de superioridade e ainda por cima, não solicitadas, que são distribuídas tão amplamente e tão banalizadas.

Peças raras, com milhares de seguidores, que são considerados “influencers” e que, são a referência para um nicho da sua audiência, são assustadoras! É lamentável pensar na quantidade de crianças que são afetadas por este discurso e se deixam “apanhar” por ele.

“De pequenino se torce o pepino” e cada vez é mais urgente apostar na educação, ganhar tempo a incutir os valores certos e cultivar o respeito!

Tentam-nos colocar em “caixinhas” e quem lhes dera a eles sermos pássaro de gaiola, mas somos Gigantes e “unidas jamais seremos vencidas”.

Escondem-se atrás da errada ideia de serem “machões” e reis da casa, mas coitadinhos, ninguém lhes diz que de pelo na benta não têm nenhum e que o seu ego deve estar muito fragilizado?

Homem que é Homem, seguro de si, mistura-se connosco para sair à rua e gritar por todos. Porque o feminismo nunca será só para “elas”, mas muito mais para “todos eles”.

Ser-se mulher é dos maiores privilégios que alguém se podia ter lembrado de conceber. Porque não há como nós e porque de tão imponentes que somos, incomodamos.

A luta continua, tem de continuar.

Avisem-me quando for fácil ser mulher, no verdadeiro sentido da palavra.