Será possível julgar um erro sem destruir quem o cometeu? A Cultura de Cancelamento, cada vez mais presente no nosso dia a dia, tem vindo a dividir opiniões. Afinal, a linha que separa a responsabilização da punição é ténue.

As redes sociais são o habitat natural deste fenómeno. Através do anonimato que estas plataformas oferecem, torna-se fácil para qualquer usuário assumir o papel de juiz. É neste cenário que é criada uma dinâmica, onde as redes se transformam no palco ideal para o julgamento coletivo, entendido até como um ato de ativismo.

O cancelamento surge como uma maneira de expor ou criticar atitudes e discursos ofensivos e moralmente questionáveis. O problema é que acaba por ser mais prejudicial do que benéfico, uma vez que dificilmente promove o entendimento ou o diálogo saudável. Em muitos casos, acaba por ser um vetor de ódio e intolerância.

A prática de “cancelar” nada mais é que tentar fazer justiça com as próprias mãos. Um simples clique é o suficiente para uma punição imediata, onde quem é alvo do cancelamento não tem chance de se defender. Algo que é feito tão rápida e precipitadamente, pode levar a punições exageradas e, por vezes, a cancelamentos injustos.

O cancelamento nunca será a melhor forma de responsabilizar alguém. É um paradoxo. Procura culpar quem erra, mas não permite que a pessoa enfrente o erro de forma construtiva. Promove uma cultura de punição, e não de aprendizagem.