A frequência com que a má educação está online
De à uns tempos para cá, tenho vindo a assistir, perplexa e confesso que também indignada, ao descalabro da educação que assola as redes sociais. Vivemos num mundo que já por si não se encontra em paz, é certo que em alguns países esse ambiente é mais notório, mas um facto é que a guerra está a atingir toda a gente. Mas será que a guerra surge apenas dos ataques terroristas ? Não. A prova que a guerra começa em cada um de nós é cada vez mais visível . Para que a nossa mente seja , imediatamente, invadida por um ambiente de guerra basta abrir uma publicação, por exemplo, de uma notícia no facebook e, rapidamente, nos deparamos com comentários carregados de ódio, intolerância, insultos, supostas lições de moral e uma violência verbal absurda. É isso mesmo.
Hoje em dia, uma simples caixa de texto que se devia traduzir num clima de convívio, ou onde deveriam ser partilhadas discussões de ideias e conhecimentos é um campo de batalha verbal sem dó, nem piedade. Para se dar esse “fenómeno” não é preciso muito, apenas é necessário que se faça uma publicação com a qual alguém não concorda, ou que por outro motivo qualquer lhe causa revolta ou frustração. De seguida, iniciam-se os comentários em tom cómico ou sarcástico e, rapidamente, do outro lado surge uma resposta onde predomina o desprezo em relação à opinião contrária e ali se inicia a batalha. A verdade é que comentário após comentário se perde o fio à meada e, já só se vê a “boa educação”, de uns para com os outros. Uma autêntica bola de neve de ódio que é visível com o correr da scrollbar. Na maioria das vezes, este tipo de discussões acontece com pessoas que nunca se viram na vida mas que, ainda assim, se tornam rivais em segundos. Para se ser membro de uma rede social, normalmente, existe um limite de idade mínima, porém, nem isso as pessoas respeitam e como agravante, esquecem-se então de que existem menores a presenciar tais situações, muito provavelmente, até os seus próprios filhos. No entanto, nem mesmo assim se proíbem de utilizar linguagem agressiva ou de fazerem ameaças de morte.
O ser humano é, na sua maioria, fraco, o suficiente para ter comportamentos impulsivos quando não se encontra na presença do outro, isto porque, estando por trás de um computador, telemóvel ou tablet, se sente livre, à vontade e “protegido” para insultar ou ameaçar quem está do outro lado, uma vez que não vai encarar a reação ou consequência do seu comportamento. O grande problema das redes sociais é quando a voz “democrática” da internet se torna mais alta do que a voz dita real. Atualmente, estas são utilizadas para descarregar frustrações, sem sequer querer saber do impacto que isso causa nas pessoas que vão ler ou para quem são dirigidas. Tudo bem que existe liberdade, mas a meu ver começa a ser uma liberdade exagerada que não pode, nem deve ser confundida com a liberdade de expressão que adquirimos. Há que começar a pensar que do outro lado estão pessoas, seres humanos como nós e que sabem ler. Além de ainda sermos uma sociedade muito intolerante às escolhas de cada um, somos barreiras perante o desenvolvimento. É como se diz na minha terra, “Não aprendemos, nem deixamos aprender”.
Vá lá, deixando de parte as ironias, inadequadas e fora de hora, é certo que as redes sociais vieram para dominar o mundo mas enquanto isso não acontecer, não deixem que elas dominem os vosso valores, princípios e costumes, pois estes são transmitidos de geração em geração e, pelo menos eu, não quero vir a viver num mundo ainda mais selvagem.