A arte de não agradar
Neste vasto mundo, habitado por uma diversidade de indivíduos, existem aqueles que são ótimos a definir os seus limites e outros que não sabem dizer “não” a ninguém. E, infelizmente, encontro-me no segundo grupo.
Acredito que muitos se identificam com esta situação e que, provavelmente, também não se encontrem satisfeitos. Devo confessar que este traço é um dos que menos aprecio em mim. Dizer “sim” a tudo torna-se exaustivo.
Desde criança, sem muita experiência do que era a vida, tive dificuldade em negar algo a alguém. Se me pedissem algo que não tinha nenhuma vontade de fazer e achasse incrivelmente tedioso, a resposta seria positiva de qualquer das formas. E porquê? Pelo simples facto de não querer desapontar ninguém. Aquele pedido tornava-se o meu objetivo, mas, no fim, nada daquilo fazia muita diferença. A única coisa que esperava no final eram os elogios.
Como a maioria dos seres humanos, sentia a necessidade de pertencer a um grupo. O problema é que tinha tendência em escolher grupos que não tinham quaisquer semelhanças comigo, e, por isso, tentava de tudo para me integrar. Contudo, quando chegamos à fase adulta – ou, pelo menos, o que pode ser considerado adulto – a vida decide testar a nossa resistência. E esperar a aprovação dos outros torna-se um grande vazio.
Confesso que ter o caminho orientado pelos outros dava-me a falsa sensação de não ter total responsabilidade. Se algo desse errado, não fora uma escolha minha. Mas digamos que a realidade era bem mais em baixo. Saindo da expectativa, para além de ter de lidar com o fracasso, estaria a quebrar as esperanças que tinham em mim. E como era de esperar, essa possibilidade tirava-me o sono.
Sinceramente, quando penso no assunto agora como uma jovem adulta, percebo que perdi o senso do que eu quero. Viver de aprovação de terceiros traz uma gratificação momentânea mascarada de certezas, mas a verdade é que de momento nada sei.
Talvez esta seja a entrada para um novo capítulo da vida, onde busco pelo que realmente me traz satisfação. Talvez seja a hora de procurar novos hobbies, novas paixões. Sinto que está na altura de começar algo novo… mas que desta vez me agrade a mim.