A configuração original dos edifícios que compunham o Santuário é um mistério por desvendar.

David Freire-Lista, geólogo e investigador da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), procura o destino que tiveram os silhares do Santuário de Panóias, em Vila Real, um dos mais enigmáticos monumentos rupestres da Península Ibérica.

O doutorado em geologia e engenharia geológica considera que a configuração original dos edifícios que compunham o Santuário é um mistério que, com a sua equipa de investigação, pretende desvendar. Sublinha que já consegue “identificar e estudar os parâmetros de rugosidade para identificar quais os blocos que pertenceram ao Santuário”. As pedras utilizadas na construção do edifício são únicas e irrepetíveis e, por isso, é possível conhecer alguns dos seus destinos.

“Uma vez que este santuário deixou de ter função ritual, passou a ser utilizado como pedreira, e os vizinhos pegaram os blocos de pedra que formavam as paredes dos prédios do santuário para reaproveitá-los em construções como casas e cercas”, refere o geólogo. Ainda assim, “graças a técnicas de conservação de património de última geração, como o scaneamento a laser 3D, é possível estudar e reproduzir os diferentes acabamentos superficiais que canteiros históricos deram às suas peças.”

David Freire-Lista admite que com a demolição de edifícios e casas históricas e com a cobertura de fachadas com cimento torna mais difícil localizar os blocos que pertenciam ao Santuário de Panóias. Ainda assim, o investigador diz que foi localizado um caminho em Folhadela, em Vila Real, onde “podem observar-se blocos soterrados que poderão também ter vindo originalmente do Santuário de Panóias”.