Investigação do CITAB – UTAD estuda benefícios do engaço de uva na cura de feridas do Pé Diabético
Extrato deste subproduto vitícola resultante da vindima apresenta-se como alternativa natural aos antibióticos comerciais
O efeito antibacteriano de extratos de engaço de uva das castas Sousão e Syrah está a ser estudado por investigadores do Centro de Investigação e Tecnologias Agroambientais e Biológicas da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (CITAB – UTAD), como uma “alternativa natural com potencial de ação efetiva” contra a ‘Staphylococcus aureus’, bactéria que representa a maior ameaça para a saúde pública e incluída no grupo de prioridade alta pela Organização Mundial de Saúde (OMS) em 2017 como “agente patogénico prioritário”.
A avaliação do efeito antibacteriano num conjunto de microrganismos associados às feridas do pé diabético engloba isolados bacterianos obtidos desde fevereiro de 2009 em mais de 120 doentes, no âmbito de um protocolo estabelecido com o Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro e aprovado pela Comissão de Ética do mesmo.
De acordo com Ana Barros, investigadora responsável pelo estudo, e diretora do CITAB, “os resultados mostram que os extratos de engaço da casta Sousão apresentam atividade antibacteriana, maioritariamente bacteriostática, ou seja, impede o crescimento bacteriano” e a aplicação destes extratos mostrou um efeito antibacteriano entre 50 a 100%, quando comparados com o efeito do antibiótico comercial. “Além disso, os extratos da casta Syrah, na concentração testada, afetam a taxa específica de crescimento dos isolados ‘Staphylococcus aureus’ e revelam um efeito bacteriostático”, acrescenta a investigadora. Pelo que o uso na prevenção das infeções das úlceras do pé diabético “poderá ser de grande utilidade”.
Os resultados obtidos através deste estudo tornam-se ainda mais relevantes já que se sabe que a infeção do pé diabético é uma complicação tardia da diabetes mellitus que, quando não controlada, pode levar à amputação dos membros.
Em Portugal estima-se que possam ocorrer anualmente cerca de 1.200 amputações dos membros inferiores.
Fonte: UTAD