A Pressa de chegar a lado nenhum
Já alguma vez sentiste que os marcos mais importantes da tua vida têm prazo de validade? Olhas para o teu redor e sentes que acabar a universidade, ter um emprego de sucesso e estável, independência financeira, um amor para a vida tem de ser feito antes dos 30? O sentimento de que estamos a correr contra um cronómetro invisível é cada vez mais recorrente e assombra quem o sente.
A nossa geração vive sob a constante pressão silenciosa de “chegar lá”, mesmo não sabendo o que “lá” significa. Somos bombardeados com perguntas como: “E depois da faculdade?”… “Ainda estás a estudar?”… “Quando é que vais arranjar um emprego a sério?” e muitas outras que reforçam a ideia de que se não fundaste uma empresa, publicaste um livro, compraste um casarão com piscina e milhares de seguidores nas redes sociais antes dos 30, és um falhanço completo.
Isto é no mínimo, injusto.
Injusto e até irrealista, visto que vivemos numa realidade que dificulta e atrasa todo este processo. O mercado de trabalho é instável, a habitação é inacessível, os salários são baixos e a saúde declina, principalmente a mental, ou seja, é como se nos pedissem para correr uma super maratona sem treinar e reclamarem por não chegarmos ao pódio.
A romantização vista nas redes sociais é outro ponto. Nestas apenas vemos as viagens de luxo, os prémios ganhos, o sucesso na empresa e é deixado no rascunho as dúvidas, as noites sem dormir, os fracassos, a ansiedade e o medo, como se estes não fossem essenciais no processo de construir uma vida. Porque é que temos de ser todos famosos? Por que tanta pressa? Porque é que o valor da nossa vida é definido por conquistas de “fachada”?
É urgente normalizar o processo e não apenas ensinar o resultado, principalmente nas universidades, altura onde vivemos na corda bamba entre a adolescência e a vida adulta, a dependência e a independência, a liberdade e a responsabilidade. É necessário ensinar que não existe um prazo para crescer, aprender, descobrir quem somos e o que queremos. O que para uns é certo aos 25, para outros apenas o é aos 35 ou 40. E está tudo bem.
Porque se for para correr, que seja ao nosso próprio ritmo.