De regresso às origens

A Laura merecia melhor!

E isso é retratado no filme “Ferrari”, um filme de Michael Mann Baseado na biografia do fundador da marca, Enzo Ferrari, intitulada de “Enzo Ferrari: The Man, the Cars, the Races, the Machine”, escrita em 1991 pelo jornalista Brock Yates.

Tentarei resumir ao máximo, porém não sei se será possível. Este filme leva-nos a conhecer um pouco mais da vida pessoal de Enzo Ferrari, interpretado por Adam Driver, da sua relação com a sua esposa Laura Ferrari, interpretada por Penélope Cruz, bem como da sua relação extraconjugal com Lina Lardi, interpretada por Shailene Woodley.

O filme inicia-se com Enzo a chegar a casa de manhã depois de uma noite em casa da sua amante, situação esta que se repete várias vezes ao longo do filme. Ao chegar a casa é confrontado com a sua esposa Laura, esta que se encontra visivelmente chateada pela demora do marido.

Ao longo do filme são ainda abordados temas como a rivalidade que existia na época entre Ferrari e Maserati, da delicada situação financeira em que a empresa Ferrari se encontrava nos anos 50 e também daquilo que marca a história desta marca, as corridas.

A trama evolui e o foco de Enzo passa a ser a vitória da Mille Miglia, uma corrida de mil kilometros em estrada aberta com início e fim em Brescia. Nisto surge um piloto famoso com fama no estrangeiro chamado Alfonso De Portago, interpretado por Gabriel Leone, que chama a atenção de Enzo e que é um dos personagens principais deste filme.

De Portago promete muito ao longo da corrida, porém acaba por sofrer um acidente devastador que põe termo, não só à sua vida, como também à vida de muitos espectadores que estavam a ver a corrida. Deixando assim a Ferrari à beira do colapso a nível mediático, apesar da vitória esmagadora na corrida.

Este filme toca ainda em pontos como a típica corrupção italiana dos meios de comunicação e figuras de autoridade, tema importantíssimo e sem o qual a Ferrari teria caído em desgraça. E novamente Laura. Sem a sua mente brilhante e sem a sua capacidade de controlo emocional para pensar e engendrar um plano a Ferrari não existiria nos dias de hoje.

E isto é verídico! Laura não só foi uma grande personagem como também foi uma grande mulher no mundo real. A perda do seu filho Alfredo Ferrari quebrou-a emocionalmente e a descoberta de Piero, filho de Enzo com a sua amante Lina, destruiu-a. Tema que também é abordado neste filme.

E por isso eu digo, a Laura merecia melhor!

Laura, apesar de não ser a personagem principal, é a personagem que rouba a cena cada vez que é exibida, é a cola que une todas as peças deste puzzle. Para mim certamente é a personagem melhor desenvolvida e com uma profundidade invejável.

Neste filme vemos como ela, apesar de constantes traições do marido, deste ter um filho com outra mulher que confessou amar, de viver e fazer a sua vida sozinha ou até de ser responsável por uma empresa que estava a falir, nunca deixou que isso lhe afetasse e continuou plenamente consciente da sua missão e do que era melhor a fazer.

Gostava de reforçar aqui que, A LAURA MERECIA MELHOR!

Este filme foi selecionado para competir pelo Leão de Ouro no 80º Festival Internacional de Cinema de Veneza. Arrecadou 35 milhões de dólares em todo o mundo e foi bem aclamado pela crítica, com o desempenho de Penélope Cruz a ser bastante destacado. Foi ainda eleito um dos 10 melhores filmes de 2023 pelo National Board of Review.

Creio que o filme poderia ter sido mais claro em algumas situações. Existem momentos em que não sabemos muito bem como chegamos ali, e certas partes em que a explicação não é muito clara. No entanto é uma trama envolvente, recomendado para todos os fãs de automobilismo e principalmente da Ferrari.

Apesar de tudo dou nota 8/10. E um dos grandes motivos pelos quais isso acontece é porque a Laura merecia melhor!