Em cada eleição, o fenómeno da abstenção em Portugal tem vindo a aumentar. Mas qual será a razão? Será a falta de interesse sobre a política atual do país ou apenas não se sentem representados pelos atuais líderes partidários? 

Em 1975 realizaram-se as primeiras eleições legislativas pós-25 de abril, cuja percentagem de abstenção foi apenas cerca de 9%. Atualmente, o cenário é bem diferente e há jogos de futebol com mais afluência do que as idas dos portugueses às urnas em dias de eleições. 

Atualmente, os números da abstenção são significativamente superiores, com os piores registos nas eleições europeias, revelando o reduzido interesse dos portugueses em exercer o seu direito de voto. Este fenómeno de reclamar do estado do país, enquanto se está sentado em casa a ver as notícias parece ter-se tornado já um traço habitual nas casas portuguesas, com taxas de abstenção a rondar os 40% e cada vez mais instabilidade política.

É importante refletir sobre o facto da abstenção não ser apenas uma estatística, mas a representação da relação que a população tem para com a política. Cada vez mais o espírito é não ir votar e a justificação apresentada é que “são todos iguais” ou “não vai mudar em nada”. Este pensamento de inutilidade dos votos vem dos constantes escândalos políticos que têm assolado o país, as promessas vazias e o ciclo vicioso em que parece que os candidatos são sempre os mesmos. 

Votar é uma forma de marcar uma posição e numa democracia quem escolhe o silêncio, faz com que nada mude.