Estudos desenvolvidos na UTAD mostram a "acentuada atividade" antibacteriana

Uma investigação da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) revelou que os subprodutos da amêndoa, o cascarão e a película, possuem uma “acentuada atividade” antibacteriana e podem ser utilizados nas indústrias farmacêutica e cosmética.
O estudo dos subprodutos da amêndoa como o cascarão (parte exterior), a casca, a película que envolve o fruto e a água utilizada para remover esta pelíscola foram desenvolvidos por Iva Prgomet, aluna de doutoramento do programa Agrichains do Centro de Investigação e de Tecnologias Agroambientais e Biológicas (CITAB), da UTAD.
Sendo a amêndoa um dos frutos secos mais produzidos a nível mundial e com um elevado impacto económico em Trás-os-Montes e Alto Douro, o objetivo foi “dar um valor acrescentado a estes subprodutos” e promover a “economia circular”, explicou em declarações à Agência Lusa, Iva Prgomet.
No âmbito da investigação foram estudados parâmetros nutricionais, bioquímicos e microbiológicos.
“O cascarão e a película exibiram uma atividade antibacteriana muito boa, o que mostra um interesse potencial para estes subprodutos”, afirmou a investigadora.
A docente da UTAD e responsável pelo CITAB, Ana Barros, acrescentou que o trabalho revelou que os cascarões e a película “têm uma atividade antibacteriana muito acentuada contra estirpes bacterianas que são potencialmente patogénicas e resistentes a múltiplos fármacos”.
“Quando a Organização Mundial de Saúde diz que em 2050 um dos principais problemas de saúde que se vai sentir é a resistência a antibióticos, é premente e urgente nós tentarmos arranjar alternativas aos antibióticos comerciais”, salientou.
Ana Barros reforçou que estes subprodutos agroindustriais podem ser reaproveitados para as “indústrias cosmética e farmacêutica porque comprovaram ter uma atividade antibacteriana elevada”.
Realçou ainda a “atividade anti-inflamatória e antioxidante”, pelo que acredita que podem vir a ser utilizados como “creme antirrugas ou como creme de tratamento de feridas”.
O resultados no laboratório, segundo as responsáveis, foram “bons”, no entanto ressalvaram que os estudos vão prosseguir e que, até o produto poder chegar ao mercado, há ainda que ultrapassar “mutas fases, testes e diretivas”.
Iva Prgomet participou num outro estudo, na Universidade Politécnica de Valência (Espanha), que incidiu na utilização da casca da amêndoa como substrato nomeadamente para a produção de manjericão, o que já está a ser aplicado pela indústria.
Em 2019, a produção de amêndoa em Portugal foi de cerca 30 mil toneladas.
Segundo dados do Ministério da Agricultura, entre 2009 e 2018 registou-se um crescimento de 48% da área de amendoal no país.
De 2010 a 2018 verificou-se um aumento de 208% na produção de amêndoa.
A distribuição da área de amendoal, em 2018, era: Trás-os-Montes com 54%, Alentejo com 23%, Algarve com 19% e Beira Interior com 4%.