A falta de infraestruturas de apoio ou facto de estas "não terem vaga, condicionam a decisão das mulheres em procurarem esta resposta social".

Um estudo realizado na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) concluiu que existem falhas nos sistema de apoio às vítimas de violência doméstica e as infraestruturas estão localizadas, especialmente, nos grandes centros urbanos e no litoral.

As conclusões são de um trabalho de Flávia Serra, aluna do mestrado em Serviço Social, sob orientação de Luzia Gonzalez, docente da academia.

A investigação baseou-se no acolhimento de mulheres vítimas de violência doméstica e de género num dos equipamentos de resposta da União de Mulheres Alternativa e Resposta (UMAR) do Porto. O estudo passou também pela análise processos individuais na associação para “compreender que tipo de apoio as mulheres que são vítimas de violência procuram e que resposta lhes é facultada”, sempre a partir de uma “perspetiva feminista”, refere o comunicado da academia.

Segundo as conclusões apontadas pelo estudo, as mulheres encontram-se “em situações de violência de género” em que existe “domínio e controlo” dos agressores, através de “isolamento, exercício de violência física e psicológica, intimidação” ou “domínio económico”. O estudo defende que “é necessária uma reflexão sobre o funcionamento na prática de algumas estruturas”. “Há falhas no sistema de apoio que, para além da falta de verbas, também enfrenta fracos recursos para sustentarem a sua intervenção”, diz a investigação, salientando ainda que “as estruturas de atendimento especializado estarem localizadas, sobretudo, nos centros urbanos e no litoral”, excluindo o interior e os meios rurais.

“A maior parte dessas mulheres sujeita-se a continuar as relações afetiva marcadas por atos violentos”, diz Flávia Serra. Para a investigadora, a falta de infraestruturas de apoio ou facto de estas “não terem vaga, condicionam a decisão das mulheres em procurarem esta resposta social”. Apesar dos “avanços dos últimos anos no combate à violência contra as mulheres em Portugal”, a estudante de mestrado diz que ainda “fica um longo caminho por andar” e que “o trabalho social feminista é chamado a contribuir com o seu olhar e a sua perspetiva, colocando as mulheres com centro da sua prática empoderadora”, conclui.